Blog Código-Limpo Parte 10: SOLID

Código-Limpo Parte 10: SOLID

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O desenvolvimento de software exige um equilíbrio constante entre funcionalidade, eficiência e clareza. À medida que projetos crescem em complexidade, a importância de manter um código que seja não apenas funcional, mas também limpo, se torna cada vez mais evidente. Código-limpo não é apenas um ideal estético; é uma prática fundamental que impacta diretamente a manutenção, escalabilidade e sustentabilidade de um sistema ao longo do tempo.

Um código-limpo facilita a compreensão, reduz a introdução de erros e simplifica a adaptação a novos requisitos. Em um ambiente de desenvolvimento colaborativo, a clareza do código é vital para que todos os membros da equipe possam contribuir de forma eficaz e sem obstáculos. O código confuso ou desorganizado tende a aumentar o tempo de desenvolvimento e a probabilidade de falhas, além de dificultar futuras extensões ou refatorações.

Robert C. Martin, um dos maiores defensores do código-limpo, consolidou várias práticas e princípios que orientam os desenvolvedores na criação de um código de qualidade. Esses princípios não são regras rígidas, mas diretrizes flexíveis que podem ser adaptadas a diferentes contextos e linguagens de programação. Eles servem como uma base sólida para garantir que o código não apenas funcione, mas funcione bem a longo prazo, mantendo-se legível e eficiente à medida que o sistema evolui.

Nos últimos dez artigos, exploramos cada um dos pilares do código-limpo, detalhando como essas práticas podem ser aplicadas no desenvolvimento com Delphi. Desde a escolha de nomes significativos até a implementação dos princípios SOLID, cada pilar contribui para um objetivo comum: criar software de alta qualidade que seja fácil de entender, manter e expandir.

A seguir, apresentamos um resumo detalhado de cada um dos pilares que abordamos, reforçando a importância de cada prática na construção de um código que não só resolve os problemas de hoje, mas também está preparado para os desafios de amanhã.

O que são os Princípios SOLID?

Os princípios SOLID são cinco regras básicas que orientam o design de software orientado a objetos. Eles são:

  1. Single Responsibility Principle (Princípio da Responsabilidade Única)
  2. Open/Closed Principle (Princípio do Aberto/Fechado)
  3. Liskov Substitution Principle (Princípio da Substituição de Liskov)
  4. Interface Segregation Principle (Princípio da Segregação de Interfaces)
  5. Dependency Inversion Principle (Princípio da Inversão de Dependência)

Cada um desses princípios visa resolver um conjunto específico de problemas de design e, quando aplicados em conjunto, ajudam a criar sistemas de software que são mais fáceis de entender, manter e escalar.

Single Responsibility Principle (Princípio da Responsabilidade Única)

O Princípio da Responsabilidade Única estabelece que uma classe deve ter apenas uma razão para mudar, ou seja, ela deve ter apenas uma responsabilidade. Isso significa que cada classe deve ser responsável por uma única parte da funcionalidade fornecida pelo software e deve encapsular essa funcionalidade de forma clara e específica.

Exemplo em Delphi:

Antes: Uma classe que gerencia tanto a lógica de negócios quanto a persistência de dados.

Depois: Separar as responsabilidades em classes distintas.

Open/Closed Principle (Princípio do Aberto/Fechado)

O Princípio do Aberto/Fechado afirma que uma classe deve estar aberta para extensão, mas fechada para modificação. Isso significa que o comportamento de uma classe deve poder ser estendido sem alterar o código existente, geralmente através do uso de herança ou composição.

Exemplo em Delphi:

Antes: Modificar diretamente uma classe existente para adicionar nova funcionalidade.

Depois: Usar herança ou interfaces para estender a funcionalidade.

Liskov Substitution Principle (Princípio da Substituição de Liskov)

O Princípio da Substituição de Liskov estabelece que objetos de uma superclasse devem poder ser substituídos por objetos de uma subclasse sem afetar a corretude do programa. Em outras palavras, uma subclasse deve ser substituível por sua superclasse sem que o código que usa a superclasse precise saber da diferença.

Exemplo em Delphi:

Antes: Uma subclasse que não mantém o comportamento esperado da superclasse.

Depois: Design que respeita o comportamento da superclasse.

Interface Segregation Principle (Princípio da Segregação de Interfaces)

O Princípio da Segregação de Interfaces sugere que os clientes não devem ser forçados a depender de interfaces que não utilizam. Em outras palavras, é melhor ter várias interfaces específicas do que uma interface genérica e ampla.

Exemplo em Delphi:

Antes: Uma interface grande e genérica.

Depois: Dividir em interfaces menores e mais específicas.

Dependency Inversion Principle (Princípio da Inversão de Dependência)

O Princípio da Inversão de Dependência afirma que os módulos de alto nível não devem depender de módulos de baixo nível. Ambos devem depender de abstrações. Além disso, as abstrações não devem depender de detalhes, mas os detalhes devem depender de abstrações. Isso geralmente é implementado usando injeção de dependência.

Exemplo em Delphi:

Antes: Uma classe que depende diretamente de uma implementação concreta.

Depois: Usar interfaces para abstrair dependências.

Conclusão

Ao longo dos últimos dez artigos, exploramos profundamente os pilares fundamentais do código-limpo, um conjunto de práticas que são essenciais para garantir que o software desenvolvido seja de alta qualidade, sustentável e fácil de manter. Cada pilar abordado representa um aspecto crucial na construção de um código que não apenas atende aos requisitos funcionais, mas também promove a longevidade e a eficiência do software.

1. Nomes Significativos:

O primeiro pilar enfatiza a importância de escolher nomes claros e descritivos para variáveis, funções, métodos e classes. A clareza nos nomes facilita a compreensão do código por qualquer desenvolvedor, independentemente de sua familiaridade com o projeto. Nomes significativos atuam como uma forma de documentação implícita, tornando o código autoexplicativo e reduzindo a necessidade de comentários extensivos.

2. Funções Pequenas:

Exploramos a necessidade de manter funções curtas e focadas em uma única responsabilidade. Funções pequenas são mais fáceis de entender, testar e manter, além de promoverem a reutilização de código. Quando as funções são pequenas e coesas, o código se torna modular, facilitando sua extensão e refatoração conforme o projeto evolui.

3. Comentários Eficientes:

Abordamos como os comentários devem ser utilizados para explicar o “porquê” do código, em vez de descrever o “como”. Comentários eficientes agregam valor ao entendimento do código, esclarecendo intenções ou justificando decisões de design que não são imediatamente óbvias a partir da leitura do código em si. Comentários redundantes ou mal utilizados podem gerar mais confusão do que clareza.

4. Formatação Consistente:

A formatação consistente é essencial para a legibilidade do código. Identação adequada, espaçamento uniforme e uma estrutura coerente de blocos de código tornam a navegação e a revisão do código muito mais fáceis. Quando todos os membros da equipe seguem as mesmas diretrizes de formatação, o código se torna mais coeso e compreensível.

5. Tratamento Adequado de Erros:

Enfatizamos a importância de capturar e tratar erros de forma que o código permaneça robusto e previsível. A utilização de estruturas como try...except e try...finally ajuda a garantir que os erros sejam gerenciados de maneira consistente, protegendo a integridade do sistema. Além disso, a captura de exceções específicas e a criação de classes de erro personalizadas permitem um tratamento mais granular e contextualizado.

6. Estrutura de Classes e Objetos:

Discutimos a importância de uma estrutura de classes e objetos que promova a coesão e minimize o acoplamento. Aplicando princípios como encapsulamento, herança e polimorfismo de forma criteriosa, conseguimos criar um código que é não apenas modular, mas também flexível e preparado para futuras extensões sem a necessidade de grandes reestruturações.

7. Testes Automatizados:

Abordamos como a implementação de testes automatizados garante que o software funcione conforme esperado, mesmo após modificações ou adições de novas funcionalidades. Testes unitários e de integração são ferramentas poderosas para detectar regressões e garantir que o código continue robusto à medida que evolui.

8. Refatoração Contínua:

Exploramos a prática de refatorar o código regularmente para melhorar sua clareza, eficiência e facilidade de manutenção. A refatoração contínua é uma estratégia preventiva que evita a deterioração do código ao longo do tempo, mantendo-o sempre em um estado de alta qualidade.

9. Código Simples e Direto:

Discutimos a importância de escrever código que seja simples e direto, evitando complexidade desnecessária. Código simples é mais fácil de manter, menos propenso a erros e promove uma colaboração mais eficiente entre os membros da equipe. A simplicidade no código é uma característica que deve ser constantemente buscada.

10. Princípios SOLID:

Finalizamos com os princípios SOLID, que fornecem diretrizes fundamentais para o design de software orientado a objetos. Cada princípio – Responsabilidade Única, Aberto/Fechado, Substituição de Liskov, Segregação de Interfaces e Inversão de Dependência – contribui para criar um código que é flexível, sustentável e preparado para mudanças futuras.

Reflexão Final

A adoção desses dez pilares do código-limpo não apenas melhora a qualidade técnica do software, mas também eleva o nível profissional dos desenvolvedores envolvidos. Código-limpo é, em última análise, sobre criar soluções que sejam compreensíveis, mantidas e melhoradas ao longo do tempo sem comprometer sua integridade. Ao incorporar essas práticas no dia a dia do desenvolvimento, você garante que seu código não apenas funcione, mas funcione bem, hoje e no futuro. A jornada para dominar o código-limpo é contínua, mas os benefícios em termos de eficiência, qualidade e colaboração tornam essa jornada mais do que recompensadora.

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Te vejo na próxima

Adriano Santos

Demais artigos:

Parte 1: Nomes Significativos
Parte 2: Funções Pequenas
Parte 3: Comentários Eficientes
Parrte 4: Formatação Consistente
Parte 5: Tratamento de Erros
Parte 6: Estrutura de Classes
Parte 7: Testes Automatizados
Parte 8: Refatoração Contínua
Parte 9: Código Simples e Direto
Parte 10: SOLID

4 thoughts on “Código-Limpo Parte 10: SOLID”

  1. parecem simples, e são;
    o difícil é a adoção no dia-a-dia em meio a cronogramas apertados;
    mas devem ser praticados com a possibilidade possível e, com o tempo, se tornarão “automáticos”

    1. Sim, sem dúvida. Mas o que te recomendo? Comece pelo básico, pra pegar o costume, por exemplo: comece avaliando nomes de funções, variáveis e constantes. Cada vez que entrar em uma nova função para dar manutenção, já muda os nomes. Depois, pegue o costume de diminuir as funções, determine um número confortável de quantidade de linhas. Vai se acostumando aos poucos. Quando você se der conta, já está viciado em código-limpo.

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